Pesquisadores do Joslin Diabetes Center, nos Estados Unidos,
identificaram dois novos marcadores que, quando elevados na corrente sanguínea,
podem prever com precisão o risco de insuficiência renal nos pacientes com
diabetes Tipo 1 e Tipo 2. As descobertas têm implicações imediatas sobre o
diagnóstico e podem ser usadas para o desenvolvimento de novas terapias para
prevenir ou adiar a progressão da doença renal no diabetes.
Em dois estudos publicados na Journal of the American Society of
Nephrology, os pesquisadores relatam que altas concentrações do Receptor do
Fator de Necrose Tumoral 1 e 2 (TNFR1 e TNFR2) preveem com precisão o risco de
perda da função renal no diabetes tipo 1 e tipo 2 com dez anos de antecedência.
Os testes clínicos atualmente disponíveis não conseguem identificar as pessoas
em risco com este nível de precisão.
"Estes marcadores são excelentes preditores de declínio da função
renal precoce e tardio nos pacientes com diabetes. Nossas descobertas podem
melhorar os cuidados clínicos para os pacientes que estão em risco de danos nos
rins", disse o autor sênior Andrzej Krolewski, chefe de seção de Genética e
Epidemiologia no Joslin Diabetes Center.
As complicações renais, também conhecidas como nefropatia
diabética, são uma das complicações mais fatais do diabetes. Ao longo de muitos
anos, esse dano frequentemente leva à doença renal de fase final (ESRD), quando
os rins não são mais capazes de trabalhar ao nível necessário para a vida
cotidiana. Cerca de meio milhão de pessoas nos Estados Unidos têm ESRD, o que
requer diálise ou transplante renal. Quase 44% destes casos devem-se ao
diabetes. Atualmente, não existe um teste não-invasivo preciso para identificar
os pacientes com alto risco de doença renal terminal.
Em um estudo, Krolewski e seus colegas seguiram 410 pacientes com
diabetes tipo 2 por um período de oito a 12 anos e descobriram que aqueles em
risco de ESRD tinham concentrações elevadas de TNFR1 e TNFR2 em seu sangue. Isso
os levou a investigar se o TNFR1 e o TNFR2 que circulantes também são
indicadores do declínio da função renal no início do diabetes tipo 1. Seu estudo
posterior de 628 pacientes com diabetes tipo 1 descobriu de forma semelhante que
aqueles com altos níveis de TNFR1 e TNFR2 estavam em maior risco de estágios
iniciais de perda da função renal. Níveis elevados destes receptores de proteína
levaram à doença renal nos pacientes diabéticos, independentemente da presença
ou da ausência de outras características clínicas que são consideradas
importantes fatores de risco para a nefropatia diabética.
"Os altos níveis destes marcadores multiplicam o risco de
desenvolver complicações renais de três a cinco vezes", disse Monika A.
Niewczas, autora principal de ambos os estudos. Por analogia, ela disse que os
"altos níveis de TNFR1 e TNFR2 permitem a previsão da insuficiência renal com 10
anos de antecedência, semelhante à maneira como os níveis elevados de colesterol
fornecem um alerta precoce do aumento do risco de complicações
cardiovasculares.
"Atualmente, um dos problemas importantes no atendimento clínico
dos pacientes com diabetes é a falta de uma ferramenta não-invasiva e acurada
para a identificação precoce das pessoas em alto risco de perda da função
renal", disse Krolewski. Um crescente corpo de evidências indica que enquanto o
açúcar elevado no sangue contribui para a lesão renal no diabetes, determinados
mecanismos inflamatórios também estão envolvidos.
No início dos estudos, os pesquisadores mediram diversas dezenas
de marcadores inflamatórios em mais de mil indivíduos com diabetes,
monitorado-os e coletando dados sobre se sua função renal diminuiu e, o mais
importante, se eles desenvolveram insuficiência renal e necessitavam de diálise
ou de transplante. Os pesquisadores descobriram que o efeito do TNFR1 e do TNFR2
sobre a função renal era diferente do de outros marcadores ou medidas clínicas,
como a pressão arterial, albuminúria (um vazamento de grande quantidade de
albumina na urina) e a hemoglobina glicada, que são atualmente avaliadas nos
escritórios médicos. Os cientistas não sabem como ou porque os receptores TNF
contribuem para a lesão dos rins diabéticos, mas os dados preliminares sugerem
que o efeito do TNFR1 e do TNFR2 vá além do simples efeito de mediação TNFa.
"Um teste de diagnóstico para medir os TNFRs no sangue será
desenvolvido em breve e estará disponível para os pacientes. Entretanto, nossos
resultados sugerem que os mecanismos subjacentes à associação entre TNFRs e o
alto risco de declínio da função renal podem ser um alvo para o desenvolvimento
de novas drogas", disse Krolewski.
Fonte: Portal Diabetes
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