Apesar dos longos intervalos entre refeições ou do consumo ocasional de
refeições com uma carga pesada de carboidratos (por exemplo, metade de um bolo
de aniversário ou um pacote inteiro de batatas fritas), o nível glicémico em
humanos normalmente fica dentro de uma faixa estreita de valores.
Na maioria das
pessoas, os valores variam de 70 mg/dL a talvez 110 mg/dL (3,9-6,1 mmol/L),
exceto bem logo após de se alimentar, quando ocorre um aumento temporário da
glicemia. Em homens adultos saudáveis de cerca de 75 kg e com um volume de
sangue de 5 L, um nível glicêmico de 100 mg/dL ou 5,5 mmol/L corresponde a
aproximadamente 5 g de glicose no sangue e aproximadamente 45 g na água total do
organismo (neste caso, a água representa muito mais do que apenas sangue, já que
o corpo humano é feito de 60% de água, em peso).
Este efeito homeostático é
resultado de vários factores, sendo o mais importante a regulagem hormonal.
Existem dois grupos de hormônios metabólicos de efeitos antagônicos que afetam o
nível de glicose sanguíneo:
- hormônios catabólicos, por exemplo o glucagon, o hormônio do crescimento e as catecolaminas, que aumentam a glicemia, e;
- hormônios anabólicos - insulina -, que reduzem a glicemia.
![](http://www.marguitos.kit.net/saude/glucose.png)
Mecanismo de libertação de insulina, dependente de glicose
As células beta
presentes nas ilhotas de Langerhans são sensíveis a variações na glicemia por
causa dos seguintes mecanismos (veja a figura):
A glicose entra nas células beta pelo transportador de glicose GLUT2.
A glicose passa por glicólise e pelo ciclo respiratório, onde são produzidas
moléculas de ATP de alta energia por reações bioquímicas de oxidação.
Por ser dependente de ATP, que por sua vez originou-se de glicose proveniente
do sangue, os canais de potássio controlados por ATP fecham-se e a membrana
celular despolariza-se.
Sob despolarização, os canais de cálcio (Ca2+) controlados por voltagem
elétrica abrem-se e os íons de cálcio fluem para dentro das células.
O aumento do nível de cálcio ocasiona a ativação da fosfolipase C, que corta
o fosfolipídeo da membrana fosfatidil inositol 4,5-bifosfato em 1,4,5-trifosfato
e diacilglicerol
O inositol 4,5-bifosfato liga-se às proteínas receptoras no retículo
endoplasmático. Isto aumenta ainda mais a concentração de cálcio no interior da
célula.
O aumento significativo de cálcio na célula produz a liberação de insulina
previamente sintetizada, que tinha sido armazenada em vesículas secretoras.
O nível de cálcio também controla a expressão do gene de insulina via
proteína Ligante de Elemento Responsivo a Cálcio (em inglês, CREB).
Este é o mecanismo principal de libertação de insulina e regulagem de síntese
de insulina. Adicionalmente, certa parte da síntese e libertação de insulina
ocorre geralmente durante o consumo de alimentos, não apenas sob a presença de
glicose ou carboidratos no sangue, e as células beta são ainda influenciadas de
alguma forma pelo sistema nervoso autônomo.
A acetilcolina, liberada de
terminações nervosas do nervo vago (sistema nervoso parassimpático), a
colecistocinina, liberada por células enteroendócrinas da mucosa intestinal, e o
peptídeo inibitório gastrointestinal são algumas substâncias que estimulam a libertação de insulina.
O sistema nervoso simpático (agonistas adrenérgicos
alfa-2) pode inibir a libertação de insulina.
Quando a glicémia estabelece-se
nos valores fisiológicos normais, cessa ou diminui a libertação de insulina a
partir das células-beta. Se a glicémia cai abaixo desses valores, especialmente
a valores perigosamente baixos, a libertação de hormônios hiperglicemiantes
(principalmente glucagon, de células alfa) induz à disponibilização de glicose
ao sangue. A libertação de insulina é fortemente inibida pelo hormônio do
estresse, a adrenalina (epinefrina).
Fonte: http://www.marguitos.kit.net/saude/diabetes.html#insulina
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