25 de janeiro de 2012

Marcadores preveem perda da função renal com dez anos de antecedência


Pesquisadores do Joslin Diabetes Center, nos Estados Unidos, identificaram dois novos marcadores que, quando elevados na corrente sanguínea, podem prever com precisão o risco de insuficiência renal nos pacientes com diabetes Tipo 1 e Tipo 2. As descobertas têm implicações imediatas sobre o diagnóstico e podem ser usadas para o desenvolvimento de novas terapias para prevenir ou adiar a progressão da doença renal no diabetes.

Em dois estudos publicados na Journal of the American Society of Nephrology, os pesquisadores relatam que altas concentrações do Receptor do Fator de Necrose Tumoral 1 e 2 (TNFR1 e TNFR2) preveem com precisão o risco de perda da função renal no diabetes tipo 1 e tipo 2 com dez anos de antecedência. Os testes clínicos atualmente disponíveis não conseguem identificar as pessoas em risco com este nível de precisão.

"Estes marcadores são excelentes preditores de declínio da função renal precoce e tardio nos pacientes com diabetes. Nossas descobertas podem melhorar os cuidados clínicos para os pacientes que estão em risco de danos nos rins", disse o autor sênior Andrzej Krolewski, chefe de seção de Genética e Epidemiologia no Joslin Diabetes Center.

As complicações renais, também conhecidas como nefropatia diabética, são uma das complicações mais fatais do diabetes. Ao longo de muitos anos, esse dano frequentemente leva à doença renal de fase final (ESRD), quando os rins não são mais capazes de trabalhar ao nível necessário para a vida cotidiana. Cerca de meio milhão de pessoas nos Estados Unidos têm ESRD, o que requer diálise ou transplante renal. Quase 44% destes casos devem-se ao diabetes. Atualmente, não existe um teste não-invasivo preciso para identificar os pacientes com alto risco de doença renal terminal.

Em um estudo, Krolewski e seus colegas seguiram 410 pacientes com diabetes tipo 2 por um período de oito a 12 anos e descobriram que aqueles em risco de ESRD tinham concentrações elevadas de TNFR1 e TNFR2 em seu sangue. Isso os levou a investigar se o TNFR1 e o TNFR2 que circulantes também são indicadores do declínio da função renal no início do diabetes tipo 1. Seu estudo posterior de 628 pacientes com diabetes tipo 1 descobriu de forma semelhante que aqueles com altos níveis de TNFR1 e TNFR2 estavam em maior risco de estágios iniciais de perda da função renal. Níveis elevados destes receptores de proteína levaram à doença renal nos pacientes diabéticos, independentemente da presença ou da ausência de outras características clínicas que são consideradas importantes fatores de risco para a nefropatia diabética.

"Os altos níveis destes marcadores multiplicam o risco de desenvolver complicações renais de três a cinco vezes", disse Monika A. Niewczas, autora principal de ambos os estudos. Por analogia, ela disse que os "altos níveis de TNFR1 e TNFR2 permitem a previsão da insuficiência renal com 10 anos de antecedência, semelhante à maneira como os níveis elevados de colesterol fornecem um alerta precoce do aumento do risco de complicações cardiovasculares.

"Atualmente, um dos problemas importantes no atendimento clínico dos pacientes com diabetes é a falta de uma ferramenta não-invasiva e acurada para a identificação precoce das pessoas em alto risco de perda da função renal", disse Krolewski. Um crescente corpo de evidências indica que enquanto o açúcar elevado no sangue contribui para a lesão renal no diabetes, determinados mecanismos inflamatórios também estão envolvidos.

No início dos estudos, os pesquisadores mediram diversas dezenas de marcadores inflamatórios em mais de mil indivíduos com diabetes, monitorado-os e coletando dados sobre se sua função renal diminuiu e, o mais importante, se eles desenvolveram insuficiência renal e necessitavam de diálise ou de transplante. Os pesquisadores descobriram que o efeito do TNFR1 e do TNFR2 sobre a função renal era diferente do de outros marcadores ou medidas clínicas, como a pressão arterial, albuminúria (um vazamento de grande quantidade de albumina na urina) e a hemoglobina glicada, que são atualmente avaliadas nos escritórios médicos. Os cientistas não sabem como ou porque os receptores TNF contribuem para a lesão dos rins diabéticos, mas os dados preliminares sugerem que o efeito do TNFR1 e do TNFR2 vá além do simples efeito de mediação TNFa.

"Um teste de diagnóstico para medir os TNFRs no sangue será desenvolvido em breve e estará disponível para os pacientes. Entretanto, nossos resultados sugerem que os mecanismos subjacentes à associação entre TNFRs e o alto risco de declínio da função renal podem ser um alvo para o desenvolvimento de novas drogas", disse Krolewski.





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