1 de abril de 2012

Stresse celular pode desencadear desenvolvimento do diabetes tipo 1


No diabetes tipo 1 (T1D), as células beta do pâncreas morrem de um ataque auto-imune equivocado, mas como e porque isso acontece permanece incerto. Agora, cientistas da Indiana University School of Medicine, nos Estados Unidos, descobriram que um tipo específico de estresse celular ocorre nas células beta pancreáticas antes do início do T1D, e que esta resposta ao estresse na célula beta pode, de fato, ajudar a disparar o ataque auto-imune. Estas descobertas lançam uma luz sobre a causa por trás de como as alterações na célula beta podem atuar nas primeiras fases do T1D, e acrescenta uma nova perspectiva para a compreensão de como o T1D evolui, e como prevenir e tratar a doença.
No estudo, publicado na edição do dia 22 de março da revista Diabetes, os pesquisadores, liderados por Sarah Tersey, professora assistente de pediatria, e Raghavendra Mirmira, professor de pediatria e medicina na Indiana University School of Medicine, mostram em um modelo do rato de T1D que as células beta se estressam no início do processo da doença, antes que o animal desenvolva o diabetes. Em resposta ao estresse, as células beta ativam uma via de morte celular que leva à perda de massa das células beta no animal.
Em todas as células, existe um compartimento vital conhecido como retículo endoplasmático (ER), no qual as proteínas secretadas, como a insulina, são produzidas e processadas antes de serem libertadas pela célula. As células beta pancreáticas são altamente especializadas para a produção e secreção de insulina e, portanto, o ER desempenha um papel crítico na sua função, tornando-as particularmente sensíveis ao estresse do ER. O estudo de Tersey e de seus colegas mostrou que uma alteração da resposta de estresse do ER da célula beta ocorre no início da doença, e que se o estresse do ER não for resolvido de forma adequada, ele pode levar a defeitos na secreção de insulina e, finalmente, à morte da célula beta.
“O estresse do ER na célula beta tem sido implicado no diabetes tipo 2, mas o seu papel no desencadeamento da disfunção da célula beta nos pacientes com diabetes tipo 1 ainda não está claro até agora, razão pela qual estes resultados são animadores. Embora o artigo não aborde diretamente o possível papel do estresse do ER no desenvolvimento do T1D humano, o que observamos nos ratos é consistente com as observações clínicas do diabetes tipo 1 nas pessoas nas quais os defeitos na secreção de insulina precedem a detecção do diabetes”, disse Mirmira.
“Precisamos olhar mais de perto as células beta e seu papel no diabetes tipo 1, pois elas podem estar participando de sua própria morte. Este estudo mostra que o estresse da célula beta está ocorrendo nas fases iniciais do processo da doença, aumentando a possibilidade intrigante de que o estresse das células beta poderia ser parte do gatilho para o processo auto-imune que leva ao diabetes tipo 1. Isto é empolgante porque não só nos ensina algo sobre os primeiros eventos da progressão do T1D, mas sugere que as drogas ou estratégias terapêuticas que aliviam o estresse do ER podem ser usadas para retardar o progresso da doença, seja impedindo a dependência de insulina, preservando a função das células beta ou melhorando o controle da glicose e reduzindo o risco de complicações”, disse Andrew Rakeman, que é pesquisador na área de regeneração.
Fonte: iSaúde

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...